BECO DO CANDEEIRO
O beco do candeeiro
tem ladras e passageiros
tem gatos no telhado
e o medo sorrateiro.
Tem pedras molhadas com lagrimas
sentimento moribundo
saco nas costas do mundo
tem saudades espelhadas
fala do mudo e audição do surdo.
O beco do candeeiro
tem alma tem sensação
ali conta o mundo inteiro
uma terrível aflição.
Um dia ali a inocência
tombou feito fruto podre
bandidos sem consciência
em momentos de azougue.
O beco do candeeiro
Continha falas e alegrias
mas hoje em horas caladas
são lembranças de triste dia
e de agonia que ali bradou
sem compaixão sem amor.
No beco do candeeiro
em escuro do seu passado
os candeeiros passavam
iluminado às calçadas
da noite alegre e calma
e das sombras enluaradas.
No beco do candeeiro
passou passos e passadas
passou moças enamoradas
na fresta romântica da prata.
No passado definido
passou menino com pedido
e cuidados com os ouvidos.
De manhã passou carroça
carregada de banana
e o bode de sua choça
olhando o prego bacana.
Em noite de fim de semana
passou velho e passou moço
passou músicos bacanas
com suas violas de cocho.
Um dia tudo mudou
meninos por ali tombaram
ficou a placa ficou fama
arrastando o nome na lama.
Um feito, feito por homens
de propostas palestras e discurso
e promessas que a todos consomem.
Antonio Montes