Desabafo.

Tudo que é demais acaba machucando, até mesmo o amor.

Amar demais dói, fere, sufoca, rasga a alma e faz sangrar, causando uma hemorragia de sentimentos.

Como a chuva, que cai num ritmo cadenciado, lembrando aos olhos verdes que por mais que tentem, por mais que escoem pra fora a dor, não serão capazes de extirpar o sentimento de dentro do peito e, lembram também, que sempre vai chover, ainda que o sol esteja ali, na alma, aquecendo, aquietando.

Talvez o tempo fechado seja providencial e abra caminhos, talvez a vida dê uma trégua e o amor irradie calor e clareie a alma, mas, ainda assim,

amar com sinceridade é complexo, envolve um turbilhão de outros sentimentos e, dentre eles, o mais severo é o sentimento de posse.

Amar o que se possui, ainda que não no sentido literal da palavra, é fácil, mas amar o que não se pode ter, não se pode tocar, não se pode ao menos ver, sentir o cheiro o calor, é talvez, a coisa mais difícil e linda do mundo. Significa abnegação, entrega, renúncia.

Abrir mão do amor e continuar amando é doloroso e magnífico, pois é verdadeiro.

Tudo o que temos é o agora, o momento presente, o passado não nos pertence mais e o futuro, ainda não chegou. O que dizer, o que fazer? Esperar pelo futuro, na incerteza? Rememorar o passado e seguir sofrendo?

Não! O que há pra ser feito é transformar o agora em algo extraordinário. Um "eu te amo" dito no silêncio, com certeza faz qualquer sol brilhar, ainda que esteja chovendo dentro da alma!

Isabel Cristina Oller
Enviado por Isabel Cristina Oller em 30/10/2016
Código do texto: T5807337
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