Desabafo.
Tudo que é demais acaba machucando, até mesmo o amor.
Amar demais dói, fere, sufoca, rasga a alma e faz sangrar, causando uma hemorragia de sentimentos.
Como a chuva, que cai num ritmo cadenciado, lembrando aos olhos verdes que por mais que tentem, por mais que escoem pra fora a dor, não serão capazes de extirpar o sentimento de dentro do peito e, lembram também, que sempre vai chover, ainda que o sol esteja ali, na alma, aquecendo, aquietando.
Talvez o tempo fechado seja providencial e abra caminhos, talvez a vida dê uma trégua e o amor irradie calor e clareie a alma, mas, ainda assim,
amar com sinceridade é complexo, envolve um turbilhão de outros sentimentos e, dentre eles, o mais severo é o sentimento de posse.
Amar o que se possui, ainda que não no sentido literal da palavra, é fácil, mas amar o que não se pode ter, não se pode tocar, não se pode ao menos ver, sentir o cheiro o calor, é talvez, a coisa mais difícil e linda do mundo. Significa abnegação, entrega, renúncia.
Abrir mão do amor e continuar amando é doloroso e magnífico, pois é verdadeiro.
Tudo o que temos é o agora, o momento presente, o passado não nos pertence mais e o futuro, ainda não chegou. O que dizer, o que fazer? Esperar pelo futuro, na incerteza? Rememorar o passado e seguir sofrendo?
Não! O que há pra ser feito é transformar o agora em algo extraordinário. Um "eu te amo" dito no silêncio, com certeza faz qualquer sol brilhar, ainda que esteja chovendo dentro da alma!