AS ÁGUAS

Eu sou as águas...

Amazonas Paraná, rio Nilo, velho chico...

Olhe ai o São Francisco, Solimões

O Yangtzé, Mississipi Missouri, Yenisei

Tenho águas tenho peixes orcas tubarões

Estou indo! Que saudades!

Será que volto?

Tive uma morte honrada

A onde morria no mar

Hoje minha morte e desgraçada

Morro todo dia!

Pelas nascentes, pelas margens

Eu sei que vou me acabar.

Eu sou o rio de lagrimas após o arpoar

Lagrimas, derramadas pelo amor

Lagrimas aos ventos de dor de amar

Sou o rio, sou rota sou caminho

Sou energia para sua vida

Carreira para sua canoa

O cais do porto o embarcar

Ninho para o seu Iate

Balança para a sua lancha

Balsa para suas cargas

Viagens, apoios para seus navios

Eu sou o rio que hoje...

Seca pelo efeito do seu estio.

Fui induzido

Perdi as nascentes

Para as ignorâncias das gentes.

Descabelaram o meu leito

Poluíram as minhas lagrimas

Eu sou o rio e já matei muita sede

Semeei vidas

Atiraram-me redes

E com meus frutos, sanaram as suas fomes

Sou o rio...

Todavia explorado pela mão do homem

Roubaram as minhas pedras

Meu ouro

Meus tesouros

Fiquei fraco esmoreci

Não consigo mais fazer estouros

Gasoso, evaporo aos céus

E caio como chuva orvalho

Faço cachoeira

Como enxurradas corto atalho

Embelezo os jardins os risos

Amplio a bonança disperso prejuízo

Sou a fonte que vem dos montes

Sou vida dos mais, pequenos

Ate aos grandes como os elefantes

Olhe o banho olhe a comida

Estou na panela na cacimba

Eu sou o rio... Sou vida.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 26/10/2016
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