FLORES DE OZÔNIO

Com a chuva da língua sumida

a plantação de palavras, não arriba,

e esse sol ardente em chamas, inflama

... Pelos cumes dos arrebóis,

pelas sementes da vida,

pela enxurradas que carregam as lamas.

O poeta deixa de colher suas flores

de cores vivas, meigas queridas...

e perdeu a hora do alvorecer da criação,

atualmente tem sido, tingido pelas sombras

e sobre o escuro do seu desengano

nem uma pétala sobre as flores caídas

tem voado no jardim do seu triste coração.

Todavia a ampulheta do imaginar quebrou-se

e as areias, do seu tempo, esvoaçou ao ar

e sobre o vento impiedoso do deserto

o poeta perdeu-se nas margens do seu amar.

Assim como um passe de mágica

deixou de encher suas sesta de meiguice

e com ramalhetes que todavia te fez feliz...

Perdeu as flores pelo caminho da fosca visão

as quais deram vida ao tilintar da vida

e hoje, trocadas pela modernidade

estão sobre os jardins dos sonhos, esquecidas.

Com a sequidão dos sentimentos,

o poeta não é capaz de sentir o gosto do riso,

e sob o rosto de um meigo menino,

não sente o piscar feliz da bela mulher

nem tão pouco vê o arco-íres

esbanjando suas cores sobre as nuvens...

Agora o pesadelo flutua em seu sonho

não consegue colher ilusões

nem embarcar na canoa das fantasias.

É meu poeta...

Abra o diafragma para alegria

abrace a simplicidade e siga com suas braçadas

pelos oceanos dos sonhos,

assim quem sabe, a chuva cairá

e você voltará a colher suas flores...

Nas retinas do seu ameaçado ozônio.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 26/10/2016
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