O CACHORRO E O CORAÇÃO.

Nesta noite quente de inverno tropical,escuto o silêncio pairando no ar da avenida sem movimento de carros. Um lamento distante,um mlatir de um cão lá no fundo do mundo atiça-me,revira-me por dentro,entorna-me as emoções de tempos passados,qual sinaleiro de um tempo perdido.Late, cão sem dono! Abarulhenta esta noite quieta e passiva.Meu coração não suporta a angústia inoperante de tantos anos isolado,sem,ao menos,um olhar descarado no andar de uma moçoila desacompanhada.Por que acordaste meu coração,cão danado! Late,late,late,até esganir-se a ti a a mim.Olho para cima e vejo tímidas estrelas piscando no paredão escuro,tão soturno quanto meus pensares noturnos. Onde está a Lua? Escondeu-se com vergonha de meus arroubos de senhor aventureiro nesta noite tão quieta .Late cão neste fundo do mundo e grita as minhas angústias.Só quem sabe traduzir em sons as angústias,sabe dilacerar as mágoas guardadas em correntes e grilhões do tempo.Esta noite meu coração voltou a sua mocidade para brindar um senhor com momentos de puro prazer em recordar momentos mágicos que não nos saem da lembrança.O latir do cão despertou os recônditos do sub-consciente para trazer à tona*recuerdos* já esmaecidos pelo tempo.Late,cão! Solta seu grito de angústia,pois a ti se é permitido gritar.A mim,pobre cão-sem-dono,apenas escuto o cantar do vento perspassando as venezianas das janelas.Late,cão e me faz companhia neste noite quente de inverno tropical.

Chico Chicão
Enviado por Chico Chicão em 20/10/2016
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