Fake Übermensch

Quão venerável é sua ideia?

No crepúsculo de minha vida, vejo com nitidez maior, as nuances de cores tão vivas, tão cheias de tons...

O tesão de um universo de múltiplos mundos deu lugar ao conforto de um único mundo de tonalidades infindas. Lindas cores espalhadas, tal fractal, ao largo do horizonte do meu anoitecer...

Quisera que minha visão parasse aí. Mas, incitado pelo desejo mórbido de rasgar véus, ultrapasso as camadas de pigmentos que formam a vida cotidiana, a prisão mesmérica de nosso tempo.

Ah, o que vejo é mais aterrador que qualquer escarro literário pudesse expressá-lo. Vejo um nada. O nihilismo profundo, negado tão feroz mente por Schopenhauer e Nietzsche, cada qual a sua maneira. Um vazio a perder-se nas camadas da vida comum.

Pobre Nietzsche e seus asseclas. Depositam sua fé anticristã numa fantasia darwiniana. Numa espécie de alquimia bio-social. Tolos! Não há nada neste mundo que não esteja destinado à existência do vácuo. À pasteurização sub specie aeternitatis. Não há qualquer coisa que não contenha o código subatômico da dissolução. Nem mesmo o nada mais prosaico.

Que decepção é ver estas ilusões históricas sobreporem-se no grande horizonte da vida contemporânea. Até que, de dentro da jaula, elas formam figuras interessantes, com tantas tonalidades e cores... uma bela obra do acaso.