Álcool 23
Em noites frias ou quentes sempre há de acompanhar, fazendo esquecer por alguns instantes tudo aquilo que é sinônimo de angústia e tristeza. O empático apaixonado pela vida e todas as pequenas coisas que o cerca, sabe que nem sempre é assim, e pode acompanhar efeitos contrários do desejado; dores no peito por uma noite.
O empático foi educado para lidar com o ‘não’, seu tutores de infância sabiam que as frustrações reinam no universo. E assim soube lidar com os nãos da vida, mas ainda há aquele que lhe incomoda. Aquele 'não' que te faz olhar no espelho por uma hora e odiar a sua imagem, que faz você perder o amor próprio e querer jogar toda a sua personalidade no lixo; transborda de vergonha, aquele que faz com que você não queira ser mais você.
A insônia foi longa, com misturas de estados de espírito. Mas logo quando raiou o dia, escutava uma bela melodia de quem eu já não escutava a dias. Aquele ‘não’ já não me incomodava mais, lembrei-me dos meus valores e das mensagens dos meus antigos amores.
Recordando aquelas mensagens valorizou os valores; pessoas amaram e desejaram aquela personalidade; não era lixo, pessoas amaram e viram beleza, e por fim, eu quis ser eu.
Outras, mesmo após o término do relacionamento fizeram questão de escrever e agradecer por ter participado de suas vidas. Logo vi a minha importância em algumas almas.
Sou o ser que sabe amar tudo aquilo que o cerca, da natureza às luzes; sabe admirar a beleza dos cactos. Sou o ser que sabe perdoar; finjo ser previsível; misterioso e imprevisível reinam em mim. Aos poucos lembrando de algumas qualidades percebi o quanto aquele ´não` era insignificante e da pessoa que o acompanhara. Sou imprevisível para desejar alguém previsível; sou muito para desejar alguém tão pouco. Eu sempre vi essa alma sem sal e sem sabor; uma alma sem emoção e limitada no amor. E por esses motivos não enxergava beleza e não me instigava desejos. Talvez uma pergunta que nunca saberei responder, é como naquela noite meus desejos afloraram para essa alma?