OS FIOS DE BEATRIZ
Os fios de Beatriz
Nascem na encruzilhada, a caminho do rio
Nascem com energia da dona das águas e do senhor dos caminhos
Nascem enunciando a chegada de uma criança que é regida por Exú e Iemanja
Os Fios de Beatriz
Ao crescer abrem caminho para “Os fios de Beata”
Quando Os fios de Beatriz passam a ser Fios de Beata, começam a contar histórias ancestrais
Os fios de Beata
Contam histórias de uma mulher de axé
Contam histórias de uma mulher de Iemanjá
Contam histórias e memórias de Orixás vivenciadas no terreiro, espaço sagrado, lugar de resistência
Os fios de Beata
Seguem contando histórias da Iya, histórias da Mãe, Histórias que nos enternecem, histórias que quando ouvimos entendemos o sentido de uma vida dedicada ao sagrado
Os fios de Beatriz
Agora contam oitenta e cinco primaveras
Quanta história nestes fios, estão brancos, e cada um tem um fio de história, um fio de memória, um fio que nos conduz a ancestralidade
Os fios de Beatriz
Tecem uma grande colcha ancestral, que cabem filhos consanguíneos, cabem filhos de axé, cabem filhos da comunidade
A cada primavera nasciam flores, e flores com muitas cores, e consigo sentir exalar o perfume desta Iya, as pétalas ao cair no outono deixavam ali um pouco de sua beleza, conhecimento, sabedoria, axé,
Cada pessoa que convive com Iya Beata, sabe que feliz daquele que de alguma forma pode beber nesta fonte inesgotável de saber, de generosidade, de força, devem ser gratos a Obatala, a Olodumare por estrem a volta e poderem olha para trás e pensar “nossa! Oitenta e Cinco primaveras! Fios brancos! Cada fio um conto, Há! E as contas? Essas contam toda a história de Beatriz e Beata, contam como nasce uma e onde se funde com a outra.
Os fios de Beatriz se entrelaçam com os fios de Beata e faltam palavras para definir a dimensão desses fios, mas sei de uma coisa, sobram afeto, sabedoria, força, coragem, luta.
Os fios de Beatriz falam por si, e os fios de Beata falam por nós, por todos nós de axé!
Elaine Marcelina
Rio de Janeiro, 29/12/2016.