Viver - Don Juan
Dava para tocar as nuvens que caía em cima das montanhas onde ele morava, elas eram geladas, mesmo quando o sol estava bem no meio do dia, e sempre ele ia nas manhãs subindo, subindo para pegar frutos maduros caídos ao pé das árvores, que estavam cheias também de ninhos com novos pássaros. E a fonte jorrando incessantemente o barulho e as águas cristalinas, através delas se via o chão de areia branca. Ele se sentava num canto qualquer e saboreava o seu café da manhã, sem desejar mais nada além daquela vida.
A sua casa era feita de cipós e de folhas de todas as árvores e plantinhas, que continha naquela floresta, o chão era feito de pedras de várias cores, sobre o telhado bem fechado, as ramagens e flores coloridas descendo pelas paredes, exalando um cheiro inebriante dos matos, as duas portas da casa, uma que dava com um quintal sem muro, sem divisão, era feita de talhas de madeiras, às janelas sempre abertas; vento soprando e o céu, testemunhando os dias e as noites, a vida acontecia à revelia do mundo do outro lado das matas, desse lado não se ouvia qualquer outro barulho que não fosse o canto dos pássaros, e de toda a bicharada que agradecia o dom da vida, todos os dias. Sonhos? amor? desejos? Solidão? - Não sentia não, somente sentia a vida. Daqui a pouco iria chover e ele iria dormir, envolver-se em seus lençóis de algodão, se iria acordar? talvez.
Don Juan -
O Donzelo do Reino de Gorobixaba