My Way

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Tradução livre de MY WAY cantada por Frank Sinatra

- Do meu jeito -

E agora que o fim está próximo

Eu encaro o desafio final

Meu amigo, vou ser mais claro

Vou expor o que vivi

E eu estou seguro

Eu vivi a vida na sua totalidade

Eu viajei por toda e qualquer estrada

E mais, muito mais que isso

Eu fiz do meu jeito

Remorsos eu tenho poucos

Mas nada tão novo para mencionar

Eu fiz o que eu tinha que fazer

Eu vi tudo

Sem exceção

Eu planejei cada meta

Cada passo com cuidado, cada desvio

E mais, muito mais que isso

Eu fiz do meu jeito

Sim, houve dias

Em que eu tinha certezas

Quando eu mordi mais do que eu podia mastigar

Mas eu aguentei

Eu engoli tudo e cuspi fora

Eu enfrentei tudo e me mantive firme

E fiz do meu jeito

Eu amei, eu ri e chorei

Tive minhas falhas, minha parte de derrotas

E agora enquanto as lágrimas secam

Acho tudo até engraçado

Pensar que fiz tudo isso

E posso dizer sem qualquer modéstia

Modéstia, eu não,

Eu fiz do meu jeito

Pois o que é um homem ? O que ele tem ?

Senão a si mesmo

Para dizer as coisas que ele sente de verdade

E não palavras de alguém que rasteje

As marcas mostram, eu levei golpes

Mas fiz tudo do meu jeito,

Sim, foi do meu jeito

Vejo a vida do homem que está sob os dentes, mas o ato de ver não tem forma. Formo então, em mim, a opinião: meu pensamento. Sem forma, disforme em si mesmo, perfeito por mostrar a si do jeito que quiser. Tenho em mim esse ato de incomunicabilidade. Vejo o que não vejo porque não tem forma e a forma é disforme. Há esse oculto mágico, trágico, sob a ótica do que percebo. Sensorial. Traço os ritos, ritualísticos, mistificados e a adaga sempre fere a minha mão, mas eu a pego do jeito que eu quero. O que é o sangue senão o vermelho que me sustenta a vida, senão o alimento do meu corpo, senão o que escorre do homem que está sob os dentes? Continuo a incomunicabilidade porque isso que vejo, ainda não vejo e, mesmo se visse, não teria forma. A lágrima tem forma, mas o que a faz derramar, não. É o homem sob os dentes.

Minha bússola aponta o Norte, por mais que eu me vire, por mais que eu rodopie e eu não quero ir para o Norte. Porque o que tem forma não me interessa. E eu só faço o que eu quero. Quando tracei a rota não usei bússola, usei o coração. Este tem forma, por mais disforme que possa parecer. Mas a rota foi sensitiva, foi criada a partir do risco, não do traço, do risco. Fui ao Leste. Do jeito que eu quis.

Chapinhei nas águas, chapisquei. Ondas me engoliram muitas vezes, fui náufraga, perdida em uma ilha cheia de formas, sozinha de absurdos e inteira de oxigênio a que pudesse dar mil e uma, mil e duzentas, duas únicas braçadas e sair incólume. Meus pensamentos foram pirateados, meu baú sem ouro foi roubado, minhas roupas foram rasgadas e ainda assim voltei ao mar. Porque quis.

Engoli poeira sobre o lombo de cavalos selvagens, mas eram menos que eu. São quinhentos quilos em quatro patas, mas o meu peso pouco os comanda. Senti as forças da natureza nos seus rompantes de indignação e devastação e mais devassa que ela, sobrevivi. Do jeito que eu quis.

Talvez eu tenha sido a primeira, tenha sido Lilith. Seria a segunda, Eva? Não, não... fui Lilith. E quando ainda havia comunicabilidade, vesti-me de serpente e Eva pecou. A maçã sempre teve forma, a intenção, não.

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