Coping Mechanism

As coisas mudam em aparência,

mas o que é fogo queima. A chama alimentada pela força de vida

permanece.

Deus que fez o humano

sabe de todas instâncias em que as matérias manifestam seu traço original.

Ao ouvir o tom do universo,

sei que a chama inicial é de um ritmo melancólico e de dor.

A existência cobra a dívida do ser

e quando não sei o estado em que estou

é aí que me alinho ao universo.

O sentimento não é errado, mas é como olhar diretamente ao sol:

o que não queima definitivamente, mas cega momentâneo

é o encontro com a verdade.

A verdade de que, pequenos, criamos uma narrativa diferente da primeira.

Nada é tudo o que se tem.

E o entendimento é a benção disfarçada de solidão e cinismo.

O corpo luta contra a martelada universal,

a mente ilude,

entretanto,

sentado deste lado, só sei o que é certo,

pois que Deus me visitou e hoje sei disso:

ser, estar, sobretudo, saber é sem benefício,

senão, entregar-se ao sofrimento de passar,

(em branco?)

mas também com as alegrias esporádicas que participam na poeira cósmica.

Não curo,

mas anuo, desnudo e faço tratado de minha idiossincrasia

para conviver comigo, com os outros, com a falta,

e com o as ciências humanas que ainda não decifraram que o erro e o acerto é a vida acontecendo.

Coloco no mundo este astral projetado

para afirmar que estou, sou o que fui, continuo...

esmorecendo às vezes, mas não desistindo, pois que estou em meio a travessia

já informado de que o gosto do revés é a renegociação que me equipara

e a escrita meu coping mechanism.

Fernando Béca
Enviado por Fernando Béca em 07/10/2016
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