Coping Mechanism
As coisas mudam em aparência,
mas o que é fogo queima. A chama alimentada pela força de vida
permanece.
Deus que fez o humano
sabe de todas instâncias em que as matérias manifestam seu traço original.
Ao ouvir o tom do universo,
sei que a chama inicial é de um ritmo melancólico e de dor.
A existência cobra a dívida do ser
e quando não sei o estado em que estou
é aí que me alinho ao universo.
O sentimento não é errado, mas é como olhar diretamente ao sol:
o que não queima definitivamente, mas cega momentâneo
é o encontro com a verdade.
A verdade de que, pequenos, criamos uma narrativa diferente da primeira.
Nada é tudo o que se tem.
E o entendimento é a benção disfarçada de solidão e cinismo.
O corpo luta contra a martelada universal,
a mente ilude,
entretanto,
sentado deste lado, só sei o que é certo,
pois que Deus me visitou e hoje sei disso:
ser, estar, sobretudo, saber é sem benefício,
senão, entregar-se ao sofrimento de passar,
(em branco?)
mas também com as alegrias esporádicas que participam na poeira cósmica.
Não curo,
mas anuo, desnudo e faço tratado de minha idiossincrasia
para conviver comigo, com os outros, com a falta,
e com o as ciências humanas que ainda não decifraram que o erro e o acerto é a vida acontecendo.
Coloco no mundo este astral projetado
para afirmar que estou, sou o que fui, continuo...
esmorecendo às vezes, mas não desistindo, pois que estou em meio a travessia
já informado de que o gosto do revés é a renegociação que me equipara
e a escrita meu coping mechanism.