A caixa
Ouso dizer que quando perdi minha ansiedade, eu morri.
Deixei o mundo de imaginações alheias e vivi de mim, sendo de minha água à meu prazer. Aninhei e embalei o mundo até que este sorrisse, doce e calmo, para minha imagem e minha opinião. Não fui egoísta, vejam bem, fui apenas uma mãe feliz dos nós em meus próprios cabelos.
Ouvi bossa e me vi em riso, comi carne como se esta não fosse a própria morte e então deitei em pouso no chão de meu próprio ego. Pendurei os braços como um sabiá e ignorei a todos que me diziam não. Não faça, não coma, não olhe - não os vi mais, em meu quarto jamais entraram. Em minha caixa eu era mundo, eu era voz e eu era pássaro.
Em minha caixa eu fui a mim, e ainda me disse baixinho: você é tudo que amo.
Livre em mim, o mundo nunca mais me quis.