Madrid
Avistei-te deslumbrado da estação de trem naquela madrugada fria;
Era como se fosse uma miragem,
Afinal estava na capital da Espanha, no Reino de Castela,
Saí de Santiago de Compostela e cheguei precisamente à meia noite;
Pela manhã caminhei por tuas calles,
subi e desci a Calle Atocha, até a estação de San Fernando, Calle Cabezas, até a Calle das Merces onde ficava o Hostal Mad - ah Madri,
Madri, tuas ruas amplas, as sirenes das ambulâncias, os policiais armados em cada esquina, sempre me faz lembrar dos atentados da Estação de Atocha e de tua trágica e gloriosa história,
Me sentia numa babel com teus estrangeiros com pequenos gestos, a praguejar em suas línguas
Tuas edificações barrocas e modernas , teus museus , o Portal do Sol, a Plaza de Espanha,
A cor de sangue negro do vinho La Rioja que lembra o sangue derramado dos touros nas arenas e o sangue dos sacrifícios
Como me fartei em minhas visitas ao Reina Sofia e ao Museu del Prado a andar pelos corredores longos absorto a apreciar abobalhado a deslumbrante arte espanhola,
Vi Dalí, vi Picasso, tudo ao vivo, vi Guernica em tamanho original, ah Guernica que me fez lembrar do teu triste passado ainda não cicatrizado
De uma época em que fostes o palco de uma disputa universal entre a barbárie e a civilização
Quando o general Mola fez um apelo desesperado a Largo Caballero para que os anarquistas se unissem ao esforço do governo contra os fascistas e sua milícia de mouros com sua tentativa de a todo custo tomar-te das mãos do teu povo ,
Madrid tu fostes o túmulo mesmo que temporário do fascismo, o espírito de luta dos teus filhos e o destemor foi admirável
Pensei nas brigadas internacionais e na Quinta Coluna inexistente
Onde nem a guerra psicológica dos Savoias e Junkers a lançar toneladas de bombas nas escolas hospitais e produzir pilhas de cadáveres não intimidaram os madrilenos que resistiram tenazmente
E a lembrar das palavras de Franco que dizia preferir destruir Madri a deixa-la para os marxistas
E no poema lamento de Neruda que teve sua casa destruída pelos bombardeios que dizia em seus versos:
Época onde os cães estavam se acostumando a comer carne humana nas calles tomadas pela destruição e pelo sangue
Onde os cavalos mortos eram carneados até os osso pelas donas-de-casa
E os gatos e cachorros eram utilizados como carne na sopa de ervilha servida aos combatentes
Ah Madrid como tuas manhãs tão doces e suaves nesse momento em que piso o pé em teus domínios foi um dia tão dura e triste
Mas tu resistes com tua vida cheia de contradições com teu povo que parece ter parido a guerra,
Caminho pela Porta do Sol e vejo os lojistas abrir às lojas as madrilenas a andar pelas calçadas alegremente com seus cachorros e sempre prontas para a vida como para uma batalha
Vejo teus monumentos cristalizar no tempo passados de glórias, teus jovens com olhar de desesperança, a turma endinheirada, comendo no Mac Donald e no Burger King,
Me sinto como se estivesse numa babel, onde se entrecruzam multiplicidades de gentes e de línguas,
Ah Madri, como ainda estais viva em minha memória o jeito mercurial dos madrilenos,
O El País informa que a situação de tua combalida economia dá sinais de vida, mas Madri parecia alheia ao articulista do El País, Madri não estava nem aí para o El Pais, os madrilenos são intensos e atenciosos e vivos independente da economia,
Enquanto isso e alheio a tudo me perdia e me encontrava em tuas ruas, alamedas, praças, teus museus e cafés, comia de tua paeja, bebia do teu vinho, respirava do teu ar e era feliz e andava tanto que os pés ficaram esfolados,
Mas esse foi o meu sacrifício por ti, ó Madrid!
Avistei-te deslumbrado da estação de trem naquela madrugada fria;
Era como se fosse uma miragem,
Afinal estava na capital da Espanha, no Reino de Castela,
Saí de Santiago de Compostela e cheguei precisamente à meia noite;
Pela manhã caminhei por tuas calles,
subi e desci a Calle Atocha, até a estação de San Fernando, Calle Cabezas, até a Calle das Merces onde ficava o Hostal Mad - ah Madri,
Madri, tuas ruas amplas, as sirenes das ambulâncias, os policiais armados em cada esquina, sempre me faz lembrar dos atentados da Estação de Atocha e de tua trágica e gloriosa história,
Me sentia numa babel com teus estrangeiros com pequenos gestos, a praguejar em suas línguas
Tuas edificações barrocas e modernas , teus museus , o Portal do Sol, a Plaza de Espanha,
A cor de sangue negro do vinho La Rioja que lembra o sangue derramado dos touros nas arenas e o sangue dos sacrifícios
Como me fartei em minhas visitas ao Reina Sofia e ao Museu del Prado a andar pelos corredores longos absorto a apreciar abobalhado a deslumbrante arte espanhola,
Vi Dalí, vi Picasso, tudo ao vivo, vi Guernica em tamanho original, ah Guernica que me fez lembrar do teu triste passado ainda não cicatrizado
De uma época em que fostes o palco de uma disputa universal entre a barbárie e a civilização
Quando o general Mola fez um apelo desesperado a Largo Caballero para que os anarquistas se unissem ao esforço do governo contra os fascistas e sua milícia de mouros com sua tentativa de a todo custo tomar-te das mãos do teu povo ,
Madrid tu fostes o túmulo mesmo que temporário do fascismo, o espírito de luta dos teus filhos e o destemor foi admirável
Pensei nas brigadas internacionais e na Quinta Coluna inexistente
Onde nem a guerra psicológica dos Savoias e Junkers a lançar toneladas de bombas nas escolas hospitais e produzir pilhas de cadáveres não intimidaram os madrilenos que resistiram tenazmente
E a lembrar das palavras de Franco que dizia preferir destruir Madri a deixa-la para os marxistas
E no poema lamento de Neruda que teve sua casa destruída pelos bombardeios que dizia em seus versos:
Venha ver o sangue pelas ruas
Venham ver
O sangue pelas ruas
Venham ver o sangue
Pelas ruas
Venham ver
O sangue pelas ruas
Venham ver o sangue
Pelas ruas
Época onde os cães estavam se acostumando a comer carne humana nas calles tomadas pela destruição e pelo sangue
Onde os cavalos mortos eram carneados até os osso pelas donas-de-casa
E os gatos e cachorros eram utilizados como carne na sopa de ervilha servida aos combatentes
Ah Madrid como tuas manhãs tão doces e suaves nesse momento em que piso o pé em teus domínios foi um dia tão dura e triste
Mas tu resistes com tua vida cheia de contradições com teu povo que parece ter parido a guerra,
Caminho pela Porta do Sol e vejo os lojistas abrir às lojas as madrilenas a andar pelas calçadas alegremente com seus cachorros e sempre prontas para a vida como para uma batalha
Vejo teus monumentos cristalizar no tempo passados de glórias, teus jovens com olhar de desesperança, a turma endinheirada, comendo no Mac Donald e no Burger King,
Me sinto como se estivesse numa babel, onde se entrecruzam multiplicidades de gentes e de línguas,
Ah Madri, como ainda estais viva em minha memória o jeito mercurial dos madrilenos,
O El País informa que a situação de tua combalida economia dá sinais de vida, mas Madri parecia alheia ao articulista do El País, Madri não estava nem aí para o El Pais, os madrilenos são intensos e atenciosos e vivos independente da economia,
Enquanto isso e alheio a tudo me perdia e me encontrava em tuas ruas, alamedas, praças, teus museus e cafés, comia de tua paeja, bebia do teu vinho, respirava do teu ar e era feliz e andava tanto que os pés ficaram esfolados,
Mas esse foi o meu sacrifício por ti, ó Madrid!