O cortejo fúnebre

O tempo parece se desvanecer em câmera lenta. E o cortejo fúnebre segue aquela triste trilha sonora. Tudo é dor. Tudo é luto. Tudo é lamentação.

Para alguns a perda é inaceitável. Enquanto que para outros as lágrimas secaram e os lábios se recusam argumentar. A mente cansou de buscar explicações.

A verdade é que nada no mundo explica a morte, nem mesmo os mistérios místicos atribuídos à ciência ou à religião. E assim é para muitos. Nada responde. Nada é resposta. Não há porquês que expliquem essa abrupta interrupção.

O batimento no peito sessou. Os olhos se fecharam. A pele tornou-se fria como o gesso e o corpo deve seguir para a sepultura. Isso é tudo o que a mente humana consegue captar. Outros se perguntam para onde vai a alma porque no íntimo acreditam que a vida é maravilhosa demais para um fim. E um fim sem esperança.

A verdade é que não se apaga alguém da vida de outro, como se apagaria com a borracha os escritos do papel. Pois, o sentimento que essa dor traz à memória não se escreve. E aprendemos que abstrato é mais do que uma palavra.

O sorriso volta, mas a lembrança não acaba provando que nem tudo é passageiro. E este é o momento em que nos perguntamos sobre o nosso próprio fim. Uma dúvida que pode durar um dia, uma tarde ou um minuto apenas. Não sabemos se é por causa do conformismo que nos cega ou daquele sentimento do íntimo que alimenta a saudade.

Jaildes Ferreira
Enviado por Jaildes Ferreira em 05/10/2016
Reeditado em 09/04/2017
Código do texto: T5782181
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