Loucura VI

Chegando a Loucura na entrada do reino onde a Insignificância governa, como ébrio em final de festa inicia o cantarolar da música do firmamento, aquela que marca o patriotismo daqueles que moram em terra sem lei, faces inomináveis que circulam como peregrinos refugiados da guerra do mundo finito, caçando a pedra filosofal do renascimento.

Inicia a cantiga em forma de prosa:

“É indiferente se me fazem encosto de porta ou bobo da corte em espetáculos oficiais, me manterei no desfraldar da bandeira branca, mesmo que no exílio. Logo, os ventos dos quatro cantos do mundo anunciarão as boas novas, mesmo que sejam para este olho não ver e nem a mão que levam comida a boca apalparem o novo amanhã do viver a liberdade genuína, enquanto isso viverei do respirar os mundos e moradas imaginárias do bem estar, da justiça, da equidade. Essência, amor sobre escolhas prenunciam na intuição o convite.

Estão ali, condes e condessas, duques e duquesas, plebeus e plebeias que emigraram para o não ser. Passaram participar do luxo, ostentação sem pudor, culto ao belo sem lembrança da pobreza que foram servos; escaparam da exposição à aflição da falta do não alimentar das primícias irrealizáveis na ordem racional estabelecida para não ser.

Ah!!! Saudosismo não me apoderará ao ponto de querer abandonar a aventura que me foi atribuída pela natureza, quero estar nas façanhas do amor e da guerra, nas manifestações dos homens, seres e elementos destruindo e construindo mundos adoecidos numa constante, a bem da evolução criativa. Quem me criou deixou claro que é possível o despertar.”

Como fazendo cumprimento militar, arrematou:

___Carro chefe, aqui estou!!!Ao seu dispor.

Insignificância, que estava aguardando-a na entrada do reino com sua comitiva, desceu da carruagem e ao aproximar da guerreira informou-a da grande festa de confraternização que teria naquela noite festejando o retorno da habitante especial. Com seu lenço de linho fino branco limpou o suor que escorria da face da combatente, conduziu-a até o veículo que levá-las-ia ao interior do castelo. Loucura receberia tratamento “vip”, noite de amor e volúpias para que assim readquirisse força o suficiente para o continuar da labuta. Auto-estima nesta hora ficaria de fora em dependências especiais no castelo, a inconseqüência luminosa floresce nestas horas apagando a individualidade.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 04/10/2016
Reeditado em 04/10/2016
Código do texto: T5781264
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