Loucura V

Loucura V

Saíram, Loucura e Auto Estima, dirigindo o caminhar da primeira. Silenciosamente manteve os passos ouvindo as lamurias da parceira:

____Imbecil! Cutuco mesmo a “sabe tudo” com vara curta, não queria ter que desaguar sempre no mesmo oceano, nele vive o contraditório tendo ela como adversária. Gostaria que fôssemos passíveis do diálogo sem pendengas solúveis num tribunal estabelecido por ela, com suas leis ditando o procedimento, determinando penalidades aos meus fracassos na defesa, apurando de forma parcial o que entende correto.

Continuou:

___A espada de dois gumes atuando nas mãos da Razão no julgamento das ações provenientes das minhas peripécias, até hoje cortou deixando desenhos cujas essências decorrem das linhas retas, catetos e hipotenusas e suas medições refletidos no espelho comum da grande maioria dos humanos. Não sobra nada de aproveitável aos seus olhos que fossem de minha procedência, falta a ela o despertar da visão similar ao refletido no espelho esférico. Depois do apurar, unindo à abertura do olhar a fusão do côncavo e convexo, sairia desenhos infinitos de beleza surreal, coisa que a imaginação não faz sem mim. E aí fica nos tempos a Razão soberba na sua dureza, pousando de boa, omitindo a parceria indispensável minha na criação. Patifaria pura.

Assoviou uma cantiga e finalizou:

___O foco e a clarividência da visão convergindo ou divergindo na visão esférica, certamente é dela e do senhor do barco os atributos, que ditam ao homem no trilhar o caminho peregrinado. Agora, quando ao terreno onde a imaginação vai atuar é comigo, essa área conheço como o religioso a prece. Que pena a maioria dos homens desde tempos não atinaram para isto!Daí um dos motivos por considerarem estarem no presente na era da angústia, das incertezas.

Auto estima interrompeu os passos por alguns segundos, deixou loucura adiantar os passos, quando emparelhou com ela, rasgou o verbo:

____Não me force lembrá-la do óbvio!! Você me conhece! Voltemos ao passado...ao inaugurar comigo na amizade no auge da guerra interior do homem, junto com ela desabrocha em si o amor incondicional à vida, que passa irradiar do fundo sem fundo que mora. Quando selamos amizade, encontrando guarida no reino da insignificância numa aceitação incondicional... leva isso para a vida, encontrando conforto na caminhada sem endereço de destino.

Finaliza:

___Peregrinamos cientes que toda esta compreensão foi possível porque teve a ajuda da razão, que exarou sentença em último grau definitivamente declarando que o infinito, o Imanente, não pode ser mensurado por ela.

Loucura em raras cenas de silêncio, após alguns resmungos foi obrigada concordar com a parceira, dizendo:

____Todo inimigo na guerra torna mestre do opositor, admiro a organização compassiva da adversária, chega dar arrepios de horror quando imagino se fosse submeter minhas escolha ao determinismo proposto por ela..mas...realmente, a razão organiza minhas aventuras, coloca o espelho, mesmo o comum, com ele organizo olhar para o horizonte. E só.

Auto estima sorri. Como entendedora de toda esta dialética, diz:

___Quem sabe a sabedoria trabalhe mais nos amanhãs que se fazem presentes e oriente a razão a usar do zoom da visão de forma ilimitada, com certeza assim os espelhos côncavos e convexos se apresentarão. Vamos! Campos não faltam para nós explorarmos! Vamos Loucura!!!!

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 03/10/2016
Código do texto: T5780341
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