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NEM TUDO ESTÁ PERDIDO...

Deixe-me contar um segredo
Todo conto tem diferente seu enredo
Conheci um que tinha algo bizarro
Entre flores e espinhos, eis q' narro

Num poema mal rimado, seu fado
Atos cometidos enquanto grão calado
Amordaçado pelas raízes da intolerância
Possuía no íntimo peculiar fragrância

Espinhos mortais e odores insanos
De pontiagudas palavras desenganos
Foram descortinando todo o seu céu
E aos poucos tirou-lhes das flores, o véu...

Quando deu por si, sobraram-lhes os espinhos
As flores foram sem piedade ceifadas...
Seu dono não foi cuidadoso como as fadas
O campo ficou triste sem flores, só espinhos...

Galhos secos eram a paisagem da colina
Os pássaros foram embora procurar outro céu
As borboletas desoladas se perderam na neblina
O sol foi-se embora paisagem funesta, escarcéu...

Tudo ficou cinza de repente...
Sua semente foi dilacerada pelo acontecido
Por anos ficou o campo só sem flor sem sentido
Flores, Beija-flores, cores... nada mais presente

Tudo foi ceifado e com o vento foi levado
O campo com as estações, foi então, renovado
Foi na última primavera q' vi despertar do chão
Uma plantinha, uma única rosinha em botão

A noitinha, vi os aplausos da natureza jorrar
Feito chuva abençoando naqueles campos
Como um momento mágico vi o céu a brilhar
Era o milagre da vida sob a luz de pirilampos

(Simone Medeiros)
Simone Medeiros
Enviado por Simone Medeiros em 01/10/2016
Reeditado em 01/10/2016
Código do texto: T5777871
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