Loucura III

Loucura III

Em meio as águas turbulentas a alma sobrevive no oceano turvo que é a vida, a loucura propõe seus serviços com a parceira, a que primeiro rebelou e única digna de confiança, auto estima saudável. Para qualquer lado que o barco seguir contará com ela, seguirá a frente sondando as novas terras, mandando mensagem ao senhor da navegação se os ventos que sopram do longínquo é desafiador da paz ou da guerra interior. Se for papo furado ou não o esquema a qual está prestes a investir, os resultados não atingirão o capitão. Estará sempre unido a ela pelo laço similar à consangüinidade, elas nasceram de uma mesma videira, a do sofrimento.

Depois o amor, ser amado, correspondido ou não tornam acessórios passíveis do preterir, tudo em prol do perfeito funcionamento da engrenagem que o ser louco permite, em essência sem expectativas, previsibilidades, esperas, retornos, aceitação.

O sacrifício tornou sagrado, tudo virou festa, o palco quem adorna é o beneficiário da satisfação, somente quem enlouqueceu sabe, comes e bebes por conta da casa, não aceita ninguém triste pelos cantos, lamuriando suas desilusões e desventuras. Quer todos de nariz em pé, cabeça esguia, prontos para a entrega, aqueles que impossibilitados estão pelas seqüelas que herdaram da guerra, que celebrem sentados ; cegos, coxos, aleijados, perdidos sem as origens, desenganados com a sentença do fim determinado, até mesmo os vagabundos, excluídos da moralidade oficial. Todo mundo junto e misturado.

Ao certo o senil que levou a sério o viver do imediatismo que a loucura expõe, na iminência da morte num leito qualquer encontrará guarida na consecução final do teatro que é a vida , não assustando com o desfecho, haja visto que captou bem antes a pegadinha. Brincadeirinha de mal gosto, depois de tudo e...puft!!!

Já que o Imorredouro, permissivo, autorizador e mantenedor do caos não se habilita mostrando sua verdadeira face aos mortais, loucura e auto estima estão aí, traficando bem estar e instantes insanos de felicidade.

O chicote nesta conotação muda de mão, de doente torna algoz. A loucura desafia vilipendiar o inanimado que quer ser coisa séria, sabedoria sabichona que se deixar endurece as expectativas de respirar nesta vida, tornando o espírito fantoche de teorias e objeções; eles foram eficientes a alguns espíritos numa determinada época. Serão referenciais neste contexto se o dono da casa, adepto contumaz do acesso a loucura e da auto estima compreender, permitir, encontrar êxtase neles.

Nesta freqüência e sintonia todos tornam irmãos, a festa está garantida não pela cor da pela, nacionalidade, idade, opção de crença ou ceticismo resolvido. Conta é o fartar das gargalhadas, o sentido inteligente de uma boa piada, a arte do absurdo encarado como valor humano em prol da qualidade de vida e manutenção do humano no homem. Ainda somos possuidores das escolhas, inclusive aquelas que resolvem submeter aos desmandos do espírito o conhecimento, a sabedoria, a linguagem e o alfabeto.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 30/09/2016
Código do texto: T5777389
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