Loucura II
Pegou lentamente a lupa que estava sob o oceano. Para quem não preocupava mais com a coisa sem solução que tinha se tornado, levou a honestidade até os olhos do entendimento, e começou. Iniciou pelo subterrâneo, foi até onde alcançava em discernir o que tinha permitido deixar ficar. Anos. Dentro de si, com a pontinha dos dedos passou catar os primeiros dejetos. Hum!!! tinha aquilo ainda? Vergonha de si e dos outros de ser o que era; aquilo era motivo para esconder-se de si e ser somente móvel dos acontecimentos. Que coisa feia. Tirou de dentro e separou para o fogo.
Daí não parou mais, quanta covardia! adiantava sacudir o mundo com a alegoria da felicidade? Saltar precipícios, voar acima das nuvens? para os outros? Passou ver o serviço sujo soterrado, deslealdade consigo em não dar vazão à correnteza, não adiantava idolatria ao verde e vermelho na superfície se láááá´dentro, era do laranja e roxo que era apaixonada, viveu até ali do poderia ser. Tirou a borra que entupia o gosto. Apartou mais distante um pouco para secagem e posteriormente juntar aos demais para a incineração.
Humildade? Cortesia? Sobriedade? Orgulho? Tanto esforço! de cada postura destas... no retrospecto tirou de baixo os cacos dos efeitos para o interior: canseira, amargura, abandono, culpaaaaaaaa. Pinçou um a um, levou até o amontoado. Iriam ser queimados.
Agora, parte mais densa, cheia de sentido, os patrimônios que a alma adquiriu, que de tão valiosos fez deles destaques para recusas de paz, bem aventurança. Que obra de arte! a translúcida razão nas facetas do amor não correspondido, na fé cega de significado, na vitória sem o recebimento do prêmio, e por fim, na ótica não compartilhada. Hesitou um pouco, afinal, essas conquistas foram passadas pelo contraditório, ampla defesa, e por fim, sentenciadas pelo tribunal kantiano, feito “trânsito em julgado”.
Hááá´!!Que vá para o fogo tudo! queria ficar nua, sem carga, se a razão ajudou algum dia, tornou passado, assim, junta-se ao entulho. Fogo neles.
A luz da intuição iluminava até ali, o fundo sem fundo do interior parou de se expor. Pegou a tocha da vontade pura, que vive acesa no coração, deixou-a de lado, aguardou a secagem e assentar da escolha, no amontoado que se formou passou fogo. Sobrando somente os olhos da observadora.