Teu nome, em silêncio

Eu te olho à distância. Observo cada movimento teu. Já decorei a tua respiração.

Percebo o teu olhar.

E enquanto leio o meu livro, as letras se embaralham. Formam teu nome. Insistem pra que eu leia o teu nome, em silêncio.

As vozes ao redor se dispersam dentro de mim, na esperança de ouvir um sussurro da tua voz. Na minha imaginação são tantas palavras, tantas conversas de fazer perder a madrugada.

Mas ainda estou aqui. Do teu lado. Dividindo o mesmo espaço, entre tanta gente, sem que possamos conversar. Sem que eu possa me aproximar.

Apenas um olhar. E esse silêncio sem fim em dias que já não sei mais contar. Me faz sorrir desprevenida e me deixa sem reação. Será que você notou?

De repente, não mais que de repente, tudo tem a tua cor.

De repente, não mais que de repente, toda a poesia encontrei em ti.

E meus olhos procuram os teus novamente. Em uma ciranda sem fim.

E meus passos procuram os teus novamente. Pelos corredores e na escada. E por onde eu vou...

Como uma tela ainda sem forma.

Mais uma camada de tinta.