ALÉM, ONDE MORAM OS BOSQUES...
Os últimos raios de sol
pintavam de dourado o firmamento.
A alameda de árvores
projetava-se à frente e o chão
era coberto de folhas ressequidas
que despencavam solitárias,
deixando as árvores seminuas e
desguarnecidas de frescor.
Era fim do inverno,
vinha nascendo a primavera...
Na alma? Também.
Tanto de nós se vai com os dias tristes
quando um sorriso surge
e apaga o franzido da testa,
revigorando o nascer de novas possibilidades,
esperanças, certezas, e um tantinho até
do ter aprendido com os erros
que a vida jamais repete fatos,
assim como as águas dos rios
que passam por nós um única vez
seguindo em busca do mar...
O mesmo mar que buscamos
em nossas experiências diárias
lágrimas ou sorrisos, pouco importa
para o tempo, que nos leva mostrando
que o que ficou para trás será perpétuo
e estaremos sempre sós,
na caminhada do viver...
E, ao olhar o sol se derramando, basta-nos
para descobrir que é sempre além,
muito além, que moram nossos medos,
nossas desilusões, nossos pesares.
Na vida muitas vezes paramos
para ouvir a voz do vento
acariciando folhagens no arvoredo,
em sinfonia harmônica
com o balet das folhas,
e nos damos conta
que as lágrimas de ontem,
se transformaram no sorriso de hoje,
que a dor se foi e outras dores
se acumularam ao tempo,
ganhamos aquela expressão menos lisa
de quando saltitávamos felizes
em busca de sonhos... e, nosso interior
se tornou sólido, por termos eliminado
todos os dragões que foram surgindo.
O que restou ao final?
Um cofre repleto de experiências
que levaremos como bagagem
pela vida a fora...