E há muito que já não me fragmentam os grãos do tempo...
Há muito que os passos singram nessa paz flutuada ao frescor das asas.
E mesmo quando pouso, a massagear as flexilhas da antiga mãe, as carícias anunciam novas sementes, a um desabrochar lento e constante, mais forte e mais vivo.
Já não digladio com temporais. Deixo que me toquem com suas mãos de vento, que me respirem às suas torrentes e passem, permitindo-me continuar florescendo.
Há um custo muito alto em se deixar embaçar as janelas e se crucificar em ansiedades : Os pensamentos destoam, as palavras pesam, e o efeito é sempre devastador. Restando apenas um fardo desmedido de tristeza pra se carregar.
E é por uma questão muito simples que me quero longe de tais escuridões : Ah, dão muito trabalho !
É preciso afagar as chagas, suavizar os sangramentos, adoçar as cicatrizes. E acho que nasci preguiçosa pra tanto...
Estou aprendendo a usufruir o tempo, mas não o tenho e não o quero para desperdiçá-lo com desencantos. Não mesmo !
Prefiro ater-me as sinfonias das árvores, a sabedoria dos rios e aos aromas dos prados que, sem quaisquer distinções, perfumam a alma de sorrisos !
[ Prefiro essas pequenezas, tão simplórias pra uns, mas que pra mim são alicerces de sonho e de vida, a caiar os olhos de poesia ].
E se me queres ver sorrir, espreitas...
Se ainda o queres, espreitas o campo !
Há uma querência ensolarada a me florir...
Posto que hoje, sequer uma faúlha de véu é capaz de me separar do sol !
Comungando com a alma...