Último Tema para Sylvia
Último Tema para Sylvia
In memoriam ao Vagabundo Poeta de Rua
Domingo, como nos últimos anos vou acordar
Um misto de alegria e tristeza vou levantar.
Como sempre acontece no dia dos namorados.
Não vou me sentir infeliz, mas apenas incomodado.
Meu coração é que vive nessa eterna contradição.
Faço então essa minha pouca e pobre poesia
Funciona como sempre digo para mim mesmo, uma lição.
Como um lenitivo para a minha dor, como anestesia.
Verei mais uma vez meninos com flores e presentes
Verei o amor em pessoas, nos locais mais diferentes
Com certeza irei ver os namorados
Mãos dadas se abraçando, se beijando e sendo amados
Sem nenhum receio ou constrangimento
Nem mesmo os conservadores ousarão fazer questionamento
Dessas demonstrações públicas de amor.
E eu com lágrimas em meus olhos e a minha dor.
Claro que tentarei com um sorriso disfarçar.
No domingo, não vou querer amigos e nem cantar.
Na verdade, vou apenas querer a felicidade alheia olhar.
Estarei com minhas estrelas que por certo no céu presentes
Elas perceberão minhas lágrimas e serão minhas confidentes.
Elas todas olhando para nós lá no firmamento
Verão que estarei com você pensamento
Que muito embora apenas no telefone e no virtual
Sei que é meu presente todos os dias, não só nessa data especial.
Esse poema foi uma transformação em poema do último texto que
Sylvia recebeu de seu namorado virtual.
Ele faleceu alguns dias depois.