Comendo com os olhos
Estou com fome, fome de tudo, fome de nada
Estou com fome, me alimento e não me sacio
Estou com fome, me sacio, mas ainda quero mais
Do alimento do corpo ainda quero comer
Do alimento da alma eu deixo pra quem quer
A fome me consome
Consome por não haver mais fome
Já não aguento, por estar cheio
Cheio de tudo, cheio de nada
Eu olho e quero
comer daquilo que não me nutri
Sou um gordo desnutrido
Um guloso desiludido
Iludido pela vontade de mastigar
Ausente da vontade de pensar
Não meço as consequências
O importante é saciar, a fome que não tem fim
Que cresce dentro de meu ser, sem muito entender
Só entendo que quero comer
pois isso é o que sei fazer
Ela só terminará com o meu finar
a não ser que dessa vontade escapar
Mas continuo com fome
Quero comer da vida
um pedaço farto arrancar
Saciando assim o corpo, com um belo banquete
Alertando a alma com um forte lembrete