Vejo sua cegueira, de olhos vendados

Maldita crendice que exalta os presentes anonimatos

Faz de nós meros servos, faz de nós pobres coitados

Deus é a nossa boca, Diabo a nossa língua

Gritamos e novos deuses nascem

Sussurramos para que demônios se espalhem

Caímos na nossa própria lábia,

achando esta uma idéia sábia

Protestamos o pensamento alheio,

evitando assim um possível arreio

Cego para o que nos parece contraditório

Papel de otário fazemos diante este auditório

Na pura cegueira existencial,

buscamos uma divindade referencial

O diabo é o mal do mundo

fruto de seu caráter imundo

Deus é a sua salvação,

alimentado por sua covarde reação

Condenam o álcool por não saberem beber

Engrandecem o azeite e mal sabem porque

Pregam os limites, extrapolam o bom senso

Tentam alimentar os pobres com palavras poéticas,

dizendo-lhes que sejam sempre bons fiéis.

Engordam o orgulho dos ricos com submissão patética,

entregando-lhes regularmente esverdeados papéis.

Como pode um cego julgar a cegueira alheia,

cutucando as feridas do mendigo leproso?

Como pode um homem dizer o que lhe der na telha,

abençoando-o, pondo a mão em seu rosto?

Bendito é o homem que ama e segue a Cristo.

Maldito aquele que em sua imagem procura um pequeno cisco.

Os falsos profetas sempre estiveram aqui entre nós.

Tantos nomes recebem,

várias desculpas usadas,

tantas formas materializadas.

Eu os chamo de medos internos, evitando embaraços e nós

Dando vida a infernos grotescos,

um paraíso magnânimo,

e enormes estátuas do desânimo.

Não sou um religioso ou ateu, apenas tomo como base aquele que sempre diz “filho meu”.

Damien Willis
Enviado por Damien Willis em 17/09/2016
Código do texto: T5764290
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.