A lição do padronizado
Você só enxerga o lado ruim
Não percebe o erro ao alimentar a tristeza
Um dia se verá desgraçado,
compactado numa caixa de tamanho único
Com um embrulho laminado, numa esteira mortal
Você se lembrará das suas chances
sentirá remorso, pena e pedirá perdão
Nunca se sabe quando se é tarde demais
Mas vou ser sincero, para ti curtas são as horas
Teve todo o tempo do mundo
Ele lhe cedeu seu relógio, você sabe
Mas nem por um minuto se atreveu a atrasá-lo
Rebeldes são más pessoas
Pois descobrem que a justiça é falsa
Inútil padronizado, continuou inerte
Aceitou tudo isso, recusou a liberdade
E agora, meu amigo, o que será de ti?
Alimentei o erro com poder,
desvaneci e caí
Joguei meu destino para o alto,
desisti, cego agora estou
Emprestei minha mente,
ausente, não sei quem sou
Doei virtudes únicas,
recebi truques e chacotas
Dei sorte ao azar,
imaturo, burro e sem paz
Transmutei um coração sadio,
ando com o vazio
Troquei minhas artérias de ouro,
recebi fios de cobre
Entreguei minha alma,
me cedi aos seios da morte
Continua movimentando a esteira
A boca de fogo lhe aguarda faminta
O fogo eterno, que sobe do abismo sem fim
Meu amigo, confuso homem
Está certo do por quê, mas recusa aceitar
Seguiu os passos de seus pais
Achou que isso o salvaria de injustiças
Não, não é bem assim. Não é?
Você fez o que disseram
Concordou com o que pediram
Mas não parou para pensar nas consequências
Ou mesmo se eram verdades
Devia ter dado valor aos pais em amor
Contudo não significa que eles possuem a verdade
Triste, meu amigo, foi tudo em vão
Enfim, ao fim está a esteira, vamos por um fim?
Despeça de todos e desfaça dos sonhos
Alimentei o erro com poder,
desvaneci e caí
Joguei meu destino para o alto,
desisti, cego agora estou
Emprestei minha mente,
ausente, não sei quem sou
Doei virtudes únicas,
recebi truques e chacotas
Dei sorte ao azar,
imaturo, burro e sem paz
Transmutei um coração sadio,
ando com o vazio
Troquei minhas artérias de ouro,
recebi fios de cobre
Entreguei minha alma,
me cedi aos seios da morte
Porque estou aqui ainda? Alguém me diz?
Ah sim, você ainda não se foi pro buraco
Quem diria meu rapaz, você está quente!
A chama da perdição lhe despertou do gelo
Entendi, desta vez o medo lhe mostrou uma saída
Inteligente, rapaz, mecha-se e caia fora
Da esteira deves sair, da boca deves fugir
Finalmente, sobre à morte puseras um fim
Seus lábios se machucam com tal sorriso
À tempos sua boca só servia para “nãos” e “sins”
Agora desbanca felicidade, rapaz
Porém se lembrou, ainda está dentro do embrulho
No embrulho ficará, para sempre, nesta terra
Entretanto não se angustie, veja bem
Consegues se mexer, ele se dilatou
As amarras estão mais folgadas, já podes respirar o frescor
E perceba, um furo à frente, enxergas?
Agora, meu rapaz, volte a ver a realidade que existe atrás da cortina
Aproveite seus “últimos”, porém eternos dias de liberdade e paz
Este embrulho é para que se lembre da vida pacata que viveras
Ela é incômoda às vezes, exala um certo odor, mas é a sua garantia
Com ela, terá poucas chances de voltar a ser a cobaia de outrora
Bem-vindo de volta, respire, movimente-se e mantenha-se longe das redes