Espelho,espelho meu.
Menino loiro e risonho.Carinhoso:mãe,você é tão fofinha,parece um travesseirinho.
De bem com a vida,curtindo praia e montanha..casa de avó,sítio de avô.
Adolescente rebelde,questionador: por que não posso sair com meus amigos?Só por
que é quase meia noite? Todo mundo vai...você está destruindo minha vida...
Dramático: não volto mais pra casa quando sair pra fazer faculdade.
E um dia,aos 17 anos ele saiu.Ela suspirou...será que ele volta? Voltou nas primeiras
férias. E por mais dois ou três anos as brigas eram frequentes.Espelho ,espelho meu,
Ela se via nele,na sua braveza,no seu senso de justiça,na sua lealdade com os amigos,
na sua gentileza: flores para minha fisioterapeuta,que sempre tem horário pra mim.
E o Tempo trouxe sabedoria a Ela,que agora o escuta e às vezes tenta argumentar,mas
o clima não esquenta mais por que Ela recua e o deixa ser.
Há sete meses ele é pai.Presente,carinhoso,firme e feliz.
Ela o sente mais próximo.Seriam os cabelos brancos que já enfeitam suas têmporas?
E Ela sorri...Tempo...Tempo...grata por ter o filho de volta,com norinha e neto -presentes
coloridos,frágeis,amados.O caminho que escolheram trilhar exige coragem,determina
ção,desapego.Ela os abençoa.E se reconhece neles.
Mari Neusa em 17 de setembro de 2016