DEPOIS DO ABUSO
DEPOIS DO ABUSO
É por ter a mesma fruição
questionando o verão que passa
sentindo dores de amores
que não passam que provoco
meu insulto sozinha de verdade
que acredito ser bastante coerente
com minha saudade dos tópicos
que diziam sobre a beleza
das minhas sobras de violência
de meias de seda cruzando
com alguém invadido de longe
quando mulher assumida de pecados
cometia-os vestindo desafiando
quem olhasse permitindo andar
e ficar tão próximo do que quero
mentindo que quero ser
qualquer estrela brilhando
nas águas de algum mar
que azul fica tão noite escura
macia como a fama do alto
vem pertencer mais tarde ao corpo
e as danças breves participam
das transas leves que iniciam
estranhos convidando seus ataques
seus sotaques de amor
pra começar um caso
terminando depois tão estatico
no momento simples do quarto
quando abrindo meu estado desafiado
fico pensando sobre
o número de telefone deixado
em cima dos livros
ele ao invés de esconder nas páginas
escolheu escrever sobre eles
deixando-me com uma ilusão jogada
nem pude ler nada
ficou se debruçando no fogo
se curvando com minha alegria do ódio
nas forças que havia
no que estava escrito
agora voando não pode ser visto
é o sentimento que estando guardado
não venho buscar de novo
nem mesmo o que adentra meus ouvidos
tem outro sentido
eu resgatei minha alma
se quiser vê-la terá que partir de dentro
o veneno qu'eu guardo não mata.
MUSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Body and Soul