Sólo le pido a Dios
Que el dolor no me sea indiferente
Que la reseca muerte no me encuentre
Vacía y sola sin haber hecho lo suficiente
( Mercedes Sosa)

 

Essa imagem nos choca em seu instante estanque, ela se eterniza  na memória coletiva dos homens - imagem do horror;
Imagem tão fria, tão congelante,
E terrivelmente crua;
Ah essa  imagem! Como ela mexe comigo;

O preto no branco sem  a ilusão das cores!
Em primeiro plano crianças em fuga  em meio a uma coluna de fumaça; As peles ardem!  O garoto vietnamita Kim Phúc grita:

 “Nóng quá, nóng quá”
  (muito quente, muito quente)
Uma garota corre desesperadamente atrás de Kim, a sua   expressão de desespero remete a tela O grito de Munch, ela é seguida ainda por outras três crianças igualmente aterrorizadas. Elas não carregam nada consigo apenas o medo, o pânico e   o desespero diante dos horrores da guerra ;
Terror  semeado por  pássaros prateados que singram os céus rasgando as nuvens e a deixar um rastro enegrecido de fumaça provocada pelas  bombas incendiárias, Napalm, ar saturado de monóxido de carbono, ar irrespirável!
O fumo cor de  laranja amarela desfolhando a floresta e a pele aparece apenas como preto e branco,

A tarde se evapora, em meio a bombas incendiárias lançadas nas entranhas da  úmida floresta do sudeste asiático,

Seres em fuga  sob o olhar  de soldados  ianques  alheios ao seu sofrimento, 

Soldados com suas mochilas desajeitadas suas M- 16, sinalizador, metralhadora, munição, comida - ração C - cantil com água, capacete, machadinha, facão, barraca, lona, artigos de higiene pessoal, talco para os pés, alguns remédios básicos - como analgésicos - pistola Colt. 45

Nick Ut  eternizou esse grito de dor através das lentes frias de sua objetiva;  
Primeiro plano, primeiríssimo plano,  
A realidade ali na foto  como se fosse aqui e agora, como se tudo se atualizasse neste instante; 
Fumaça, fuga, desespero, medo;

Foto icônica,  peles desnudas, gritos, pés descalços, sexo à mostra,
Imagem que se atualizam nos territórios destruídos, nos escombros da Síria, em Aleppo, em Damasco,
Ah a vida, o que é a vida? O que é o sofrimento humano?  A dor, a dor, impingida sempre  aos mais frágeis e desafortunados,

Ah a tecnociência e suas mortais invenções desenvolvidas em seus frios laboratórios de pesquisa, para alimentar o complexo industrial militar e seus milhares de engenheiros engajados no desenvolvimento da maquinaria da morte!
Ah essas  razões de estado!
Ah essa big Science!
“Maldito seja o laboratório de química de Harvard”! Maldita seja a Dow Química! - G
rita um ativista pela paz nos anos 70.
Ah essas fotos históricas que nos instigam a querer um mundo sem guerras;
Ah essas fotos que de tão expressivas e tão fortes, ficam como lembrança de um momento da história da humanidade, que está ali para nos lembrar do terrível acontecimento e  a desafiar nossa sensibilidade e ainda despertar a nossa compaixão diante do sofrimento do outro. 
Mesmo que vivamos num mundo onde a violência e o horror   tem  se banalizado.   

 
Labareda
Enviado por Labareda em 15/09/2016
Reeditado em 16/10/2019
Código do texto: T5762272
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