NO FIM DAS CONTAS
NO FIM DAS CONTAS
Somos tão diferentes que o dia
vem começando pela noite quando acordo
vejo a lua tocar notas falsas
entrando pela janela riscando a sala
deitando nas almofadas transformando
coisas que sobem parecendo fadas
qual sonho perdi desta vez desde ontem
somos o oposto do querer que muda
de rosto conforme a fome do corpo
quem tem a fome do amor pode
ser compreendido mas deserto
fica olhando suas metáforas
que eram tão endurecidas tão firmes
assim tão cheias de vida imortal
acordava um sorriso com motivos
plenos sem o veneno que corre
de tudo que tinha distância
e nada agora feito qualquer folha no
leito de um corredeira de chuva
pela força da ânsia salgada
descobri que levava esse efeito
até frente ao portão da casa
e descendia de mim toda água
olhando que nada buscava de volta
vi que desprendi sua alma
somos o fim tentando continuar
por que mal entendemos do "si mesmo"
dizendo quando tudo liberta
que era uma dieta p'ra cura
da solidão de persona
decidimos cuidar da febre
no leito como favores
acentuamos o que era leve
e no fim das contas
ainda somos estranhos...
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Strange Fruit