Olhos negros

A minha história era simples e banal.

Viver por si, sem se dar mal

Dias se foram como memórias em um retrato

A morte, minha amiga, me fez um contrato

Cantando ela dizia…

De ti, quero tua alma, da tua alma quero teu amor

Era a paz e a calma, era simplicidade da dor

Era o que sempre almejei

Sem pensar, me entreguei

O tempo fez de mim seu escravo…

Um semblante vivo, cheio de graça a me cativar

Eram olhos negros a me dominar

De longe eu a observei, jurei, olhei, mas nunca toquei

De perto eu chorei, desejei, amei, mas nunca matei

Foi assim por anos a se passar, esse amor eu já não conseguia matar

Ela sorria a me esperar, mas do meu amor nunca ouviu falar

Anos a incubar esse sentimento, era uma lei, só podia no pensamento

Me entreguei ao esquecimento, assim fiz todo o meu sofrimento

Séculos a me consumir…

Olhos negros a me contemplar, diziam eles que queriam me amar

Mas como amar aquilo que não se pode tocar?

O limite estava em meus olhos, que os anos trataram de cegar

Estavam tão cegos que de tudo chegavam a duvidar

Olhos negros a me contemplar, diziam eles: a ti vou amar

Medo profundo a me atormentar; a ti eu irei matar

Olhos negros a me contemplar, diziam eles: a morte não pode me tocar

Dura casca perpétua, sobre teu toque a trincar e partir

Dura dor a suportar e sentir, diluir para sucumbir

Ela quebrou-me em tantos pedaços que me perdi

Foi necessário, pois seu grande amor agora eu vi

Olhos negros a me amar, são teus os meus, são meus os teus

Olhos negros a me amar…

Medo profundo a te amar…

Olhos negros a nos eternizar