DEIXA O VAZIO DE VOCÊ
DEIXE O VAZIO DE VOCÊ
O extremo vem combinar de novo
seu lugar entre as coisas que não gosto
ele põe de novo no mesmo altar
suas belas metades de corpo
sem rosto por sopro que nada demora
trafegar no meu caminho
em que a alma parece que vai ficar
olhando-me dizendo sobre
quem era aquela conversando comigo
no perfume estranho que não tenho
no cabelo da cor que não uso
vem sem aviso ocupar um descaso
nascendo um complexo abrindo
alguma lacuna indesejada um intruso
com voz de outra mulher
quer entrar no meu espírito
quer causar o momento do desprezo
que coeso com sua vontade de
destruir o que feliz pretendia ser amado
está agora nos meus olhos refletindo
eu que esperava ele hoje mais cedo
tinha velas acesas na banheira
um coquetel de frutas
champanhe e aquelas músicas clássicas
estou completamente ácida
preferindo que o espelho não trouxesse
ele imaginando-se opondo a fraqueza
p'ra que ela saia do ambiente
gravemente ferida
que estava calma querendo a força
dele adentrando as paredes
como um "hércules" sem dominio
contra a presa indefesa com sede
que morria de fome e pele
não do tempo e de outra derme
inserida e avulsa vindo contar
alguma piada nas minhas narinas
de como é simples de longe possuir
como é fácil ser assassina
eu morta fecho a porta e convido
a solidão pra ser minha
e o desejo ficará desta vez entre os dedos
pensando na verdade querida
que bate intranquila querendo entrar
que ataca meus ouvidos com toda
aquela culpa subtraindo o fato
deverei claro ser sincera
algum hotel me espera
e na manhã que nascer confusa
deixe todo vazio de você
será sincero perturbando apenas
o silêncio...
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues