Uma gravidez filosófica.
Me perguntaram que dia vou casar,
o respondi voltando por cima de meus ombros,
Bati com uma das mãos na coxa com força,
em um tom irônico ao mesmo tempo com gosto de sinceridade.
“eu já casei, e nem sabia”.
Ele era um fantasma colegial,
só de tocar no nome já me arrepiava
Quando o conheci não tive duvidas,
Me conheci, me casei e ponto.
Com os olhos espantados e uma sobrancelha que a essa altura já era cabelo todos paralisaram na sala.
Quem era esse tal que me corrompeu, roubou minha virgindade, me tornou mulher.
Alcunharam de cético, mas seu nome é Nietzsche,
Não gosto muito de homens de bigodes
Mas por ele me apaixonei, perdidamente.
Sem essa de amor platônico,
Ca entre nós e já não é novidade,
Platão é o objeto que mais atrai raios de meu marido.
Não vou apresenta-lo,
mas antes que de boca aberta fique,
Informo para acostumar com a ideia que ele é filosofo.
E se pensa que o que ele disser vai melhorar a humanidade está muito enganado.
Nos apaixonamos quando uma amiga nos apresentou,
Eu vi nos olhos dela a alegria,
Ela conhecia-o intimamente
Logo fiquei com ciúmes.
Fui juntando pedaços,
Seus livros se tornaram meus travesseiros,
Por diante quando encontrei,
Ele já estava me chamando em frente de casa com uma garrafa de café e duas xícaras na mão para sair.
Resultado estou grávida de Nietzsche.
Não de um mês, de nove meses.
De 10 anos, como?
Grávida de ideias, com os espermatozóides de sabedoria dele, e óvulos de minha imaginação.
Uma gravidez filosófica.
Não, não é necessário fazer teste de DNA,
Esse filho não é do boto, não é do papa, nem do papai Noel.
Ele é fruto desse encontro amoroso, dessa compreensão mutua desde a juventude.
Deixe de envergonhice, não me censure
Eu que me entreguei a ele
E desde que conheci eu nunca mais amei ninguém.