Quando decidi não te amar
Desde que decidira viver,
meu pensamento já não era teu.
Não recordava de tua beleza,
nem de teus finos gestos,
nem mesmo de teus fascinantes olhos.
A ferida não mais doía,
não sangrava,
não supurava mais.
O desprezo não me atentava,
nem vinham as palavras vis
à porta de meus sentimentos,
me obrigar a cair em prantos.
Não havia enleio,
não havia medo,
não havia mágoa,
não havia nódoa de tua presença,
nem sentimento qualquer
que fizesse falta.
E hoje, ao mirar-lhe novamente a tez,
percebo que nada de você insiste em mim,
não persiste,
nem resiste a desaparecer.
E mesmo se um dia eu te amei,
com a singeleza de meus sentimentos,
e te dediquei a pureza de meus versos,
hoje entendo que, apesar do sofrimento,
te amar parecia um sonho,
mas não te ter
foi meu maior livramento.