E EU COM ISSO AGORA
E EU COM ISSO AGORA
Eu me visto desadequada no lugar
sentada numa loja competindo
com olhos perdidos que encontram
vejam só uma inquieta manicure
cortando seu tempo entre costuras
de conversas e cabelos de cores
avulsas porque a moda dita o valor
não importa se o rosto de certo combina
eu menina seguro minha indecência
um segundo depois um fumo calada
tem uma varanda de folhagens
lá meu sorriso cai destruindo tudo
que acabei dizendo que podia
estar sendo certo naquela cor
abusurdo pela pele ser contrária
parecia uma tribal africana
pintada de urucum que nenhum
dos meus dedos parecendo
dedos machucados por não haver
se quer um ouvido para dizer
que sua pele nada combina
com tudo isso nem mesmo esta idade
permitindo ver a caduquice deformando
depois sentando evaporo meus poros
cheios de lembranças da esperança
do baile a noite daquela senhora
com alguém que entenda
que ela veio por encomenda
ser desembrulhada por hora
pelo tempo de que demora
até outro dia vir de novo
tentar uma nova essência que a moda
dos mediocres convence
que ela pertence ao inteiros modelos
da moda
que amola meus dias já frios de alegria
com dezenas de estórias
e da glória que será sua festa
do que resta da vida indo embora
eu preferia pensar numa idade parecida
onde meus cabelos voariam
aos sabor das lágrimas do vento
na colina tendo o perfume das flores
que por nome só saberia do aroma
deitando na relva olhando
um céu azul...será assim
que a morte me espera
um grande homem poderia me trazer
mas saiba que a liberdade
minha alma por inteira venera...
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues