Fala de Um Peregrino
Dos sapatos empoeirados, gastos até os miolos, restaram lembranças. O personagem principal da história é a única testemunha da narrativa em sua totalidade. Troca-os de tempo em tempo; entrar e sair da floresta é atividade corriqueira. Quando fora, anda descalço tranquilamente sobre as quinquilharias que conquistou, brinquedos que viraram conto de fadas, porque foram e realizaram os resultados no ontem. Presente, cada vez mais levando preterir o falível, consumível.
Tem sido salutar viver dos nutrientes que tornaram energia vital para o pensar. Ficar na própria casa é saborear da nobreza vivida somente de si para si. Aceitação, inexplicável para os olhos e ouvidos de quem interpõe no diálogo, que tornou hóspede permanente, companhia para quem vilipendiou a personalidade achando que era coisa viva. Expressa simbolicamente num sorriso relâmpago ou silêncio sem causa no estar o viver as custas do tecer e reescrever a própria sorte. Sobrevive. Está sempre como peregrino, disposto sair de cena sem olhar para trás, despreocupado se existirá futuro, já que o passado nunca permitiu ficar, foi dispensa de lixo do presente que se renovava.