FOI QUANDO MESMO?
FOI QUANDO MESMO?
Mágoas ressentidas da atitude dele
convencida de que ao chegar
seria um dólar coisa importada
que eu deveria me sentir frequente
ir a frente tomar atitude
dar-lhe um beijo retirando a roupa
deitando no tapete felpudo
como sua pele escondida
contudo eu desviei meu olhar
tomando conta da minha taça de Vermut
na brisa da rua vinha um perfume
chamando o doce veneno da mulher
desalmada do ente querido
pronta ao destino diferente
porque me senti comprada
já de entrada parecia meu rei
de uma sudita que de joelhos
seria um carinho tirar-lhes os sapatos
tão caro cheio de suores desagradáveis
pra ser amável não preciso disso
preciso que procures meu espírito
me convença do tempo perdido
amigo era um titulo antigo que usava
quer trazer este sobreaquecendo o frio
trará também quem desejava
com todas as coisas por perto
naquele assovio de vento esquecido
eu era quem transava com tua foto
no quarto esperando as nupcias chegarem
as questões dos altares dos padres
daquelas pessoas que boas
estavam de olho no que comer
da onde podiam tirar um proveito
do efeito de suas joias e sedas lustres
ao invés de brincos que mal caminhavam
pra não doer de certo o peso de amostra
nossa cerimônia já teve um fim
e ainda acredito que estás no transe
que chance temos de ser felizes
a crise começa embaraçando
o que nossos corpos na verdade querem
você destina tudo ao protocolo
das honras pelo tempo que devia
ter deixado sempre lá fora
eu mal sei do senhor relógio
meu ódio permite tirar minhas
transparentes íntimas e ficar
sentada no sofá alimentando
quem diria eu deva estar sonhando
foi quando mesmo que tivemos
prazer?
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues