SE O CASO FOSSE MEU CORPO

SE O CASO FOSSE MEU CORPO

É quando eu abro uma vida antiga

que tenho impresso na voz algo mudo

a tarde retirada pra conhecer-me

traz algumas dores imprevistas

não vejo aquelas coisas tão falsas

uns amigos que vinham

de vez em quando um susto

quando íamos dormir logo

no momento do privado sentido

de ser únicos valentes do escuro

alguém acendia a luz

sem ter nenhum motivo que fosse

quem duvida que o motivo fosse

tentar amadurecer um caso qualquer

d'outra mulher conjunta

da líbido marcante sendo atrevida

com você comigo ele e outro

ainda me lembro não era nem sexta

pouco teríamos forças durante

um café amanhecido de orgia

pensava sempre depois da partida

contida na porta aberta olhando

eles indo embora olhava também

um sentido morto por mim lá fora

dentro ouvia um animal feroz

querendo sair comemorar

a ascensão da aurora desiludida

eu mentia pra ele que nunca tinha

estado entre estranhos

fui sozinha divertir uma cativa

violência nutrida queimando dentro de mim

ela queria nascer fazer-se ouvida

e na invasão do absurdo destes outros

um por menor maluco

dissolvia tudo quando teu rosto

me atingia com ternura

era nesta foto onde estou abatida

que via você de longe entre eles

ficando possuída do regojizo

dos amigos de traz de mim

mãos avulsas verão subindo

saia quase ofendendo a cintura

saía para ver o quanto de primavera

devia estar destruindo

se acaso entregasse meu corpo

que te pertencia apenas ...ouviu bem...

apenas isso.

MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Weather

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 31/08/2016
Código do texto: T5745329
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.