SE O CASO FOSSE MEU CORPO
SE O CASO FOSSE MEU CORPO
É quando eu abro uma vida antiga
que tenho impresso na voz algo mudo
a tarde retirada pra conhecer-me
traz algumas dores imprevistas
não vejo aquelas coisas tão falsas
uns amigos que vinham
de vez em quando um susto
quando íamos dormir logo
no momento do privado sentido
de ser únicos valentes do escuro
alguém acendia a luz
sem ter nenhum motivo que fosse
quem duvida que o motivo fosse
tentar amadurecer um caso qualquer
d'outra mulher conjunta
da líbido marcante sendo atrevida
com você comigo ele e outro
ainda me lembro não era nem sexta
pouco teríamos forças durante
um café amanhecido de orgia
pensava sempre depois da partida
contida na porta aberta olhando
eles indo embora olhava também
um sentido morto por mim lá fora
dentro ouvia um animal feroz
querendo sair comemorar
a ascensão da aurora desiludida
eu mentia pra ele que nunca tinha
estado entre estranhos
fui sozinha divertir uma cativa
violência nutrida queimando dentro de mim
ela queria nascer fazer-se ouvida
e na invasão do absurdo destes outros
um por menor maluco
dissolvia tudo quando teu rosto
me atingia com ternura
era nesta foto onde estou abatida
que via você de longe entre eles
ficando possuída do regojizo
dos amigos de traz de mim
mãos avulsas verão subindo
saia quase ofendendo a cintura
saía para ver o quanto de primavera
devia estar destruindo
se acaso entregasse meu corpo
que te pertencia apenas ...ouviu bem...
apenas isso.
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Weather