SEQUER UM PRIVILÉGIO
SEQUER UM PRIVILÉGIO
Anjos de porcelana no alto
uma vidraça loucamente batia
quebrando uma dádiva ganha
entre as madames num jogo de palavras
mal dava pra entender minha atitude
de sair perdendo um dia
tive esta impressão agora
caindo este anjo sem penas
não podia voar ao longe fazer
do alto alguma estrela solitária
pra de certo resolver esta questão de ser
assim um caso terminando nova
cintilante guardando-me
como presente nunca aberto
enfeites de pedra com um top certeiro
da cor predileta dos olhos
a cor do sangue sempre ocasiona
uma curiosidade estranha
mas a deste anjo não tem cor nenhuma
n'alguma porção do barro usado
argila branca rara
havia tão pouco da solidão sentida
da arte investida que derrubada do astro
é tão pequena e ínfima mal cuidada
pra ser vendida comprando almas
que reclusa recuso deixando-a
dentro de uma taça pra depois
de sorver meu banho
nas espumas do alecrim do campo
que manto de ervas num banheiro
possam estar confundindo
um prazer de tocar todo ser
que fica desistindo de mim
pela pressa causada da atenção
redobrada que tenho comigo mesma
importando as desonras da fama
de mulher indomável tingida e
apequenada fingida acostumada
a ser mulher de domadores
que sem nenhum daqueles amados rancores
despertados no gosto
vem perto pra sentirem-se bem
amém a minha beleza de barba cerrada
perfume comprado igual ao do carro importado
eu sou na verdade todo vacilo
do atrevimento que por dentro
não é nada do que fala
um sorriso cumprimenta
minhas mãos ocupadas
ainda amo o recado de segredo
o medo de encontrar um louco
discreto sonhando
quando já havia ido embora
eu procurando me vejo feliz
de ter sido apanhada
logo na entrada ainda era cedo
prometia não vigiar ninguém
por que inflama
estou na felicidade suprema
que provoca ânsias
por isso estou demorando na água
e tomo por dose regular
o que estava escrito:
- venho sempre aqui.
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues