Escritos Tortos
Tenho viajado pelos dias dos anos
Sem pressas de chegar nalgum lugar
Descobri novas formas de viver a vida
E redescobri o amor e suas manias
Tão solitária quanto um gato no telhado
Assim sempre fica a lua nas noites frias
Desejos secretos seriam obscuros
Manchas escondidas num vestido de linho
Cansaria de sonhar mas, não há voltas
Deixei o coração com os três tempos
São os sonhos oxigênio dessa viajem
Permaneço taciturno como um vulto
Que contempla figuras e estátuas
Num museu que reabre em festas
Aos novos acontecimentos do Cronos
Nessa caminhada vagarosa termina de repante
O tempo não difere de sonhos e esperanças
Parece que tem pressa de chegar ao infinito
Também não se importa com dores ou desgraças
É implacável, imutável o juiz de nossa breve existência
A ninguém jamais deu minutos ou segundos a mais
São meus olhos que veem tudo isso
E mais uma caneta joguei fora
Após muitas bolas de papel no lixo
E apesar das linhas retas eu percebi
Que todos eles eram escritos tortos