Rua
Ainda hoje, quando fecho os olhos , visualizo perfeitamente onde nasci e morei durante toda a infância e adolescência. Ficava no Centro da cidade, no final da Rua Graciano Neves, no pé do Morro da Piedade, berço do samba do glorioso Edson Papo Furado e do carnaval de Vitória.
Na minha tenra idade a rua era de terra batida e terreno irregular e sem saída. Mais tarde foi estendida, possibilitando a passagem de carros. Ali, joguei futebol, ferrinho, pião e bolinha de gude, com amigos , primos e vizinhos. Também tomei vários banhos de chuva e de lama. A vida era ao ar livre.
À noite, na calçada da minha casa, a lua brilhava exuberante no cabelo maria-chiquinha da mais bela menina da vizinhança. Eu contava estrelas nos dedos, com medo daquele momento fugir. Formigas batiam palmas, sorriam e, as corujas, espiavam. A imaginação corria solta.
Aquela rua era minha e “eu mandava,eu mandava ladrilhar, com pedrinhas de brilhante” para a emoção morar.