Manias
Eu não gosto de roupa estampada,
Não gosto de filme pornô,
Não gosto de missa aos domingos,
Não gosto de me sentar com vizinhos na calçada,
Nem de falar pra onde vou.
Não gosto de vinho seco, gosto de queijo,
Detesto feijoada.
Acho horrível quem conta as suas intimidades,
É para quatro paredes, quando o assunto é amor.
Não gosto de gente metida, mas adoro uma noite enluarada.
Raramente eu me introso,
Gosto do meu isolamento, preciso, não conseguiria viver sem.
Por favor deixem-me no meu canto, no esquecimento,
Não me dirijam a palavra, eu não quero, passei dessa fase.
Não quero falar com ninguém.
Gosto de viajar sozinha,
cantarolando baixinho olhando as paisagens da estrada...
Assim...
Pensando, sonhando.
Sou bem esquisita, a vida me tornou assim,
Gosto da cor preta, e de batom rôxo, é o meu gosto.
Gosto dos sábados, nessa calmaria,
Lendo, à portas fechadas, sou muito chata, nenhum pouco engraçada.
Gosto de ir vivendo aos poucos, eu escolho os meus amigos,
Quando eu não gosto, fujo, nem aviso.
Gosto da minha companhia, vou dizendo aqui minhas sanidades.
Gosto de estar em paz com as minhas manias e verdades.
Não insistam,
E se me olharem não conseguirão me ver,
estarão olhando apenas para uma pessoa como outra qualquer,
Não saberão nunca, o que lhe vai por dentro, já eu sei.
O que escrevo é tão pouco, teria muito à dizer.
Penso... Penso...
Saio de mim, até que não me alcancem mais, sou inatingível, e gosto,
Quanto mais distante vou, mais me reencontro.
Eu percebo com profundidade as palavras doce e amargas,
Sei o sabor de cada uma delas, e vejo sempre além,
Sigo no meu rítmo, nada a minha felicidade estraga,
Sou esses passos que vão e que vem,
Alma viajando, nesse azul sem fim,
Escrevendo sobre o amor que sinto, essa, a melhor parte de mim.
Corpo parado à vida se entregando, da forma que lhe convém,
Querendo ancorar num único porto, esse não é um segredo...
É onde aporto feliz, esse é o meu sossêgo.