Vento do leste
Vento do leste que por aqui passou.
Que viestes, tu, fazer no oeste? Há muito que muitos ventos sopram por aqui, entretanto nenhum tinham em si esse frescor. Não que os ventos fossem dele desprovidos, todavia, o teu veio em momento oportuno. Quando na sombra da quietude desejava sentir esse – não outro, mas esse! – refrigério.
Mas tu, como todos eles, assim também se foi, posto que surge de repente e logo desvanece. Mas, como vento, é este o teu ofício e, por isso, lamento. Quem me dera ser tão somente uma folha para que, de tão leve, me levasse contigo e me desprendesse por força desses caules e raízes.
Inquieto-me em saber que por outras terras já passou e em outros corações deixou saudades. Eu, porém, peço ao Criador, que fez os ventos, que traga de volta meu acalento. Nem que seja preciso mover de novo outros mares em outros continentes. Pois, mesmo sob as sombras das árvores estou sufocante sem ti. E, assim como todos te almejam - saiba! - eu também te espero.