PLATÔNIO QUER A FLOR 10
PLATÔNIO QUER A FLOR 10
Ela percebe recente um tempo
causando fruições distraído
do cotidiano da sua vida
alimentando os versos escolhidos
por mim na esteira da calçada
minha história perversa agora
conta versos contentes abrindo
o mesmo lugar que havia vencido
meu inaugural-protelário
é um otário disfarçado de
bom indecente
me perdi na sobrevida do comum
não trago mais a relação
daquelas tardes por noites
a ver sua janela clareando
mais do que o sol pertencendo
a meus sonhos durante toda
estadia do cravo-jazigo entre os corvos
minhas coisas todas sob atenção
no alto de prédio parecem novas
abrigam atenção profunda
porque eu entendo pouco do semblante
dela sentada a poucos metros
de mim no café bistrô na alameda
dos puros de conversa fiada
amando um instante quase um momento
quase nada quase tudo p'ra mim
pertence ao mesmo nada
que devolve margens que calei
na imensidão do acaso
por despertar nela o mitológico
eu poderia abrir meu pesadelo
dizendo que estou sofrendo
de uma paixão qualquer
uma que possa dar atenção
a um coração aos pedaços
uns caídos outros vagando
em direção a ela e nada encontram
se não o mendigo ainda vivo
que me olha querendo saber
se é este ofendido pelo espelho
criei um fantasma imortal
criei um mal através de mim mesmo
sendo incapaz de duvidar
dos olhos que correm procurando
e todo dia observa roupas
do sintoma entregue
do coma febre nascente
antes que o garçom pudesse servir
pedi um instante p'ra entregar
um desejo escrito a lápis
se que apagar toda história
viverei de novo na caverna
de onde ultrapassei as sombras
p'ra ficar de novo do lado dela
"você olhou p'ra traz e viu
a via crucius do amor cambaleando
minha alma ficou prometida
em você ela ainda está viva"...
...
MÚSICA DE LEITURA: BAD LIQUOR POND - The crecent ship