UM DUO DE MIM NÃO TEM DÓ

UM DUO DE MIM NÃO TEM DÓ

De novo uma risada violeta abre

suas pétalas o que quer dizer

a borboleta indócil com o vidro

fechado da janela quando nela

preciso desocupar o lugar

de todo ar que ainda se vende

se rende matando-me de amor

por um estar precisando ficar

demorando quase iludindo-me

pra dizer o que significa solidão

desafiando não ouvir meu coração

disparar por um segundo

quando o mundo dele resolve voltar

p'ra dizer um não faminto

um verão assumindo as gotas

invernais derretidas do sensível

incrivelmente verdadeiras

nada passíveis do querer instante

que durante algumas horas

inventa um desespero de morte

e aquela borboleta estranhamente

de asas fechadas parece que me olha

o que me intriga são as coisas

todas cuidando dele

devo sair respirar um caminho

que ele não esteja

onde nada pertença a minha fraqueza

essa bondosa "ordinária"

retém minha fibras de mulher dócil

que hilária quando ri de mim

quando quer entrar

me torna de novo doente por ele

o amor não joga não violenta

nem mesmo aguenta estar só

perde o mundo perde a loucura

pede que a cura seja um beijo

boa noite como foi seu dia

o meu continuava te amando

eu precisei vestir-me de sol

p'ra ser rei

enganei o inverno

quando primaveras pondo

lágrimas solitárias

estas mesmas que estás vendo

mas eram diferentes no gosto

precisava beijar-te

p'ras máximas de amor próprio

destruir...

MÚSICA DE LEITURA: BILLIE HOLIDAY -I must have that man

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 23/08/2016
Código do texto: T5736983
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