PERIGO de amor e morte

Estou sendo esquecido por ela, morrendo ao passar das semanas, quando ela não pensa mais sobre o meu rosto e nem sequer escuta o som da minha voz em suas reflexões noturnas, não me sente em falta. É um pesadelo repetitivo, acordar em meio à ansiedade e a fome, esperando que a manhã ainda se importe. Perigoso é viver como um homem bom e morrer de amores por alguém que é só a luz do dia, que falta me faria o Sol se eu aprendesse a lidar com o meu próprio breu de esquecimento? Não me faria falta um breve afago se eu soubesse que já estou morto. Tão curto o toque, tão longo o arrependimento (alma).

Esquecer? Não há como ignorar e esquecer alguém que já foi importante em boa parte de minha vida. Mergulho nas lembranças e a sensação de reviver antigos prazeres disfarça a dor deste mar ácido. Sofro, mas sinto o gosto daqueles lábios outra vez. Passado imenso me levando a um futuro incerto. Viver um amor acabado e me tornar o próprio fim; estou disposto a arcar com as consequências, é a única forma de sentir algo no presente, inexistente.

Gabriela Gois e Hüller
Enviado por Gabriela Gois em 22/08/2016
Código do texto: T5736913
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