Baú de memórias

E acho que, de tanto refletir, chorar e sofrer, ou sofrer, chorar e refletir, seja lá qual for a ordem aleatória de sofrimento, é que hoje acordei imensamente surpresa comigo mesma, pois refletindo sobre o fim de mais um ciclo em minha vida, um ciclo intenso e de tantos sentimentos doados e vividos com sinceridade, posso dizer com toda certeza, que estou triste sim, mas sentindo-me extremamente calma e emanando uma paz profunda na alma, a qual nunca senti...

É em paz que agora sigo meu caminho, apesar de todos os desenganos, atropelos e espinhos que encontrei por ele. Sigo pela estrada de minha vida, com o coração ainda ferido, magoado, é verdade, mas com a alma leve e uma sensação absurda de missão cumprida e intrínsica serenidade... Não vou negar que, às vezes, ainda sinto um nó na garganta e em minha boca, o gosto amargo da lágrima. Ainda sinto no peito, um vazio imenso, com um fundo ainda blindado por uma saudade dolorida, tentando tomar conta de meus espaços mais sombrios, mas, ainda assim, me sinto bem, pois a paz que me cerca, me tranquiliza e me dá a certeza de que agi da maneira mais correta que poderia. Procedi de acordo com meu coração, com minha verdade e consciência e, não há coisa melhor que sabermos de nossa transparência em toda e qualquer circunstância. O fato é que, ter paz de espírito, independe da atual situação em que se encontra o coração. 

Sei que, no decorrer desse maravilhoso período vivido, amei, acarinhei, me dediquei, aprendi, acertei, mas também errei demais, talvez por imaturidade, mas posso assegurar, que nunca por maldade ou falta de caráter... E quem não erra nessa vida, não é mesmo? E o mais importante disso tudo, é que em todos os instantes, fui eu mesma, seja na pele da menina simples, pobre, brincalhona, meio moleca, seja na forma da poetisa sonhadora e escrevente de sentimentos, ou mesmo na pele da mulher fatal, que ama intensamente, com verdade e sem pudores... Em todos os momentos, eu fui quem deveria ser e dei o melhor de mim sem me ferir, nem ferir ninguém, sem macular meus princípios, meus sentimentos e nem ser desleal comigo mesma ou com quer que seja... . 

Apesar de sair desse ciclo muito mais desconfiada e reticente que antes, sinto-me muito mais madura e por que não dizer, esperançosa de que algo bom está por vir, afinal, se só colhemos o que plantamos, tenho certeza que, pelo que tenho cultivado em meu jardim, muitas flores e rosas ainda hei de colher pelos canteiros de minha vida... E como sempre há um lado bom em tudo, o lado bom, pelo menos do término desse ciclo, são as inúmeras conclusões que cheguei e as mudanças que sei que estarão visíveis em mim ao fim das tantas reflexões que me pus a fazer. 

Das tantas conclusões que cheguei, posso destacar três principais:
 
-A primeira, eu até já sabia, mas percebi da forma mais cruel e por que não dizer, até um pouco ingênua que podia: Realmente, nada dura para sempre, afinal, como poderia, se aquela felicidade de comercial de margarina não existe, já que a vida é feita apenas de momentos tristes e felizes? O que se tem é a oportunidade de viver os momentos felizes de forma intensa e fazer deles os melhores da vida; 
-A segunda e bem mais decepcionante, eu também já sabia, mas nunca tinha sentido tão na pele como senti dessa vez: Ser feliz de forma plena, mesmo em meio a um turbilhão de problemas, incomoda muita gente, principalmente as pessoas infelizes de natureza e incapazes de viverem suas próprias vidas;

-E o terceiro e por que não dizer o mais importante de todos os aprendizados desse ciclo, que infelizmente se findou, é que a coisa mais certa que fiz durante esse delicioso tempo, foi ter vivido intensamente todos bons momentos, pois estes, por mais que se queira, ninguém conseguirá arracá-los de mim... E melhor ainda é saber que, jamais me arrependerei, pois naquele eterno momento, fui imensamente feliz e se tivesse que repetir, repetiria tudo novamente e de uma só vez, dada a pessoa intensa e sedenta que sou...

Mas e agora, o que fazer com todos os momentos?
-Bom, hoje entendo que nunca haverá alegria que dure para sempre, por outro lado, também nunca existirá tristeza que perdure eternamente. Por isso, hoje os momentos tristes, estou fazendo questão, não de esquecê-los, pois até neles, sempre haverá algum sentido e o que tirar, mas, de deixá-los bem guardadinhos lá no fundo de meu baú de memórias. Talvez até precise deles algum dia, a fim de não voltar a errar novamente... Já os momentos felizes, os quais, considero os mais deliciosos momentos que já tive em toda minha vida, deixarei bem à mão dos pensamentos, 
para que fiquem bem visíveis e fáceis de revivê-los e recordá-los... Pois os levarei comigo para para todo sempre e por onde quer que eu vá, os reviverei eternamente...

 
Aliesh Santos
Enviado por Aliesh Santos em 21/08/2016
Reeditado em 22/08/2016
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