PARA SEMPRE - EM MIM
Eu podia ver seu rosto através do espelho,
mesmo que este espelho não me mostrasse de fato você,
mas o fato é que você estava lá, sobre os lençóis,
e sua pele me instigava além do meu instinto sexual que
me fazia delirar num delírio que transformou você numa
realidade a mais e eu não mais soube como nos
classificar em demasiadas esferas de nós;
nós que estávamos expostos ao sublime;
você em sua total figura mítica,
e eu em minha plena realidade estagnada,
ausente aos demais fios que certamente romperiam a
nossa comunhão. Mas como não tocar o alvo de
minha tão profunda imersão?
E, meio sem saber no que iria dar, toquei, arrisquei-me no
arriscado perigo de quebrar o encanto e, para minha surpresa,
senti-me ainda mais envolto no mágico instante...
Onde estávamos mesmo? No céu ou num quarto sem paredes,
ou num mundo igual a este, sem fim, apenas circular sem bordas concretas? Nossa pele delirava na macieis de nossos
toques, e assim ficamos roubados ou entregues ou adormecidos em nossa sintonia por horas a fio, ou foram dias, ou terá sido anos? Quanto tempo durou a nossa eternidade? Não sei!
Nem mesmo posso afirmar como houve aquele nosso encontro,
aquela nossa aproximação sem palavra,
sem qualquer palavra que pudesse ser capaz de nos direcionar a signos quaisquer. Não, entre nós não houve palavras possíveis, somente nossos corpos colados, nossas mãos deslizando e
a explosão que evaporava de dentro de nós e nos deixava mais excitados...
Até que a festa acabou, a música sumiu,
a noite se perdeu levando e deixando você,
para sempre,
em mim...