ELOGIO AOS LOUCOS
Muitas palmas para os paranoicos,
Com a cabeça na lua.
Os lunáticos porque sonham que são ricos
Que são os bons do pedaço, os donos da rua.
Realizam fantasias
Nas praças, nos viadutos
Criam, recriam alegorias
Dão a cabeça à guilhotina
Com amigos inexistentes, à caça de pokemons.
Com o cérebro em cozimento,
Buscando amigos virtuais
As relações pessoais morrendo a cada dia.
Autômatos de carne e osso
Que avançam em surdina em agonia
Viva os loucos que imaginam
Que tem coerência e razão
Ironizam do próprio gozo
Não têm mulher, nem tesão
Não têm chicote nem pelourinho
Não têm salário, nem patrão.
Viva os loucos que fogem da lucidez
Dormem ao relento sob a neblina fria
Procuram calor num cobertor surrado
Encontram acalanto na poesia.