Quase tudo mudou

Os artifícios se mantêm da mesma maneira como você os deixou... O que é material está cuidadosamente, cuidado. Já o imaterial, esse sim, parece num descuido total... Numa desordem sem fim.

O imaterial está todo revirado. Foi totalmente tocado por uma ausência tão inesperada... E eu que sempre pensei ser forte e inatingível, vi minha essência toda bagunçada. Há feridas internas que parecem estar longe de cicatrizar-se... O coração, um enorme órgão dentro do peito que mais parece apertar e ao mesmo tempo de tanto doer, busca-se desaparta-se do corpo.

Imaterialmente estou doente, fragilizada... Observando a materialidade que por tanto tempo te fez presente... Hoje, só me resta juntar dentro de mim as partículas de ti. Percebo que quase tudo mudou... Que jamais serei a mesma.

Vou procurar um ambiente distante de todos para entender o que se passa comigo. Talvez eu jamais entenda a sua falta... A sua ausência. Dificilmente, o imaterial em mim se reorganize, porque quase tudo mudou, depois que vi você partir.

Fátima Saraiva
Enviado por Fátima Saraiva em 10/08/2016
Reeditado em 10/08/2016
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